Sou Glicéria Jesus da Silva, mais conhecida como Célia Tupinambá, da aldeia Serra do Padeiro, localizada na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, no sul da Bahia. Participo intensamente da vida política e religiosa dos Tupinambá, me envolvendo, sobretudo, em questões relacionadas à educação, à organização produtiva da aldeia, aos serviços sociais e aos direitos das mulheres. Sou professora no Colégio Estadual Indígena Tupinambá Serra do Padeiro (CEITSP) e curso Licenciatura Intercultural Indígena junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). Fui presidente da Associação dos Índios Tupinambá da Serra do Padeiro (AITSP), sendo responsável pela aprovação e gestão de projetos voltados ao fortalecimento da aldeia. Atuei na Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME). Fui membra da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI). Represento meu povo junto à Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres). Fui indicada ao prêmio Pipa em 2022 e 2023, e trabalho na área audiovisual realizando vídeos junto ao grupo jovem da comunidade. Também realizei o documentário “Voz Das Mulheres Indígenas” (2015), que reúne depoimentos de mulheres indígenas da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Alagoas, acerca de suas trajetórias no movimento indígena. Em 2010, após uma audiência em Brasília em que denunciei ações violentas da Polícia Federal contra meu povo, fui presa junto a meu bebê de colo, episódio que suscitou veementes críticas de entidades do Brasil e exterior. Desde então, sou assistida pelo Programa de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Leia mais sobre meu trabalho “Manto Tubinambá“, uma reprodução de um manto tupinambá do século XVI que foi levado dos Tupinambá e hoje está na reserva do Museu do Quai Branly, em Paris, na França. Tem também esta matéria escrita pela Micheliny Verunschk sobre mim.
Foto: Natália Côrrea
