Sou Natuyu Yuwipo Txicão, do povo Ikpeng, primeira cineasta indígena. Comecei a filmar quando tinha 12 anos. Codirigi o filme “Das Crianças Ikpeng para o Mundo” (2001) e participei de diversos filmes, como no longa “Pirinop – meu primeiro contato” (2007) e no “Yumpuno – Gravando Som” (2011). Também contribuí com a formação audiovisual de outras mulheres indígenas trabalhando como instrutora nas oficinas do Instituto Catitu.
“Quando eu comecei, a maioria das pessoas diziam para mim que as meninas desistem rápido e só os homens filmam certo. Dificilmente você vê mulher cineasta, são poucas aqui no Xingu. Pros homens, eles acham que eles fazem as coisas melhor, filmam melhor, fazem trabalho melhor. Não concordo, sabemos fazer as coisas todas iguais. Mas para mim, a filmagem é uma coisa que a mulher faz melhor, tem mais cuidado, mais visão. Tem coisas que só mulher pode participar, sabe que momento ela vai tirar ou colocar alguma coisa, ela sabe os detalhes, sabe o que a outra mulher vai fazer. E não apenas filmando outras mulheres, mas como um todo a gente possui essa paciência. Acho que as mulheres filmam melhor por causa do artesanato.”
— Natuyu Yuwipo Txicão, em conversa com Sophia Pinheiro (2021).